segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
Os espíritas, o fanatismo e a (necro)política - por Jerri Almeida
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Artigo "Um salve aos Espíritas Progressistas e vida longa aos Coletivos Espíritas Progressistas" - Por Alexandre Júnior
Por Alexandre Júnior - Pedagogo, Pós-graduado em Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica. Escritor. Pesquisador de Gênero, Sexualidades e Espiritualidades. Coordenador do Ágora Espírita.
Pensando o momento sociopolítico que vivemos, e a aproximação evidente do movimento espírita brasileiro com o conservadorismo extremo, este mesmo conservadorismo que dá vida e voz ao Governo Federal que com suas políticas neoliberais vem demarcando suas práticas com Aporofobia e Necropolítica. Assusta-nos demasiadamente, quando vemos protagonistas deste movimento espírita conservador defenderem publicamente o atual presidente e as ações neoliberais e capitalistas que são as suas marcas registradas.
Não
encontramos a possibilidade de coadunarmos: Capitalismo, Necropolítica,
Aporofobia, Racismo, LGBTQIAP+fobia, Sexismo, Femínicídio, Misoginia, Xenofobia,
Desmatamento Florestal, Invasão de Terras Indígenas, Política Armamentista, com
amor ao próximo, em que pese, alguns conceitos enviesados sejam utilizados para
produzir a já tão conhecida do referido movimento, Pedagogia do Medo e da
Culpa, antes alimentada apenas pela obsessão, pelos obsessores e pelo
famigerado umbral, hoje amplia-se esta relação causal dos pavores acrescentando
o maldito progressismo e o não menos satânico “Comunismo.”
Segundo
algumas pessoas o objetivo maior deste Movimento Progressista é conduzir
àqueles que forem tocados por seus seguidores obsidiados e com as suas atuais
encarnações em derrocada ao umbral, além é claro, de trazer perturbação ao
movimento hegemônico onde reina a absoluta paz divina.
Diz
o poeta que: “Paz sem voz, não é paz é medo.”
Portanto,
precisamos compreender o preço desta suposta paz, que consiste em invisibilizar
vidas, pessoas, intimidades, silenciar os que pensam diferente sob pena de
cancelamentos. Se o Espiritismo não for
capaz de dialogar com as minorias sociais e oferecer-lhes acolhimento, afeto,
amor, compreensão, amparo, e oportunidade de engajamento significa dizer que
colocamos a doutrina acima das pessoas, e assim sendo, precisamos repensar de
que valem os espaços espíritas.
Acusam-nos
de enquanto Espíritas Progressistas: democratizarmos o conhecimento espiritista,
de discutirmos as minorias sociais com elas e não para elas, de darmos voz aos
excluídos, resgatarmos os autores clássicos do Espiritismo, de dialogarmos com
as ciências humanas para podermos criar justiça na nossa escrita e na nossa
fala, oferecendo aos protagonistas silenciados a oportunidade de eles próprios
falarem e escreverem as suas Histórias, as suas vivências, dores e conquistas,
tirando-os de debaixo do tapete como tem sido feito desde o século XIX. Chamam
a isso de “comunismo”!
Sendo
assim, precisamos manter acesa está chama que arde no Brasil chamada Movimento
Espírita Progressista que foi trabalhada por mentes libertas de dogmas e livres
pensadoras e pensadores, que deram a oportunidade aos coletivos Espíritas de
encontrarem algum respaldo para a construção de suas práticas, e respeito aos
seus legados.
Um
salve a Allan Kardec, Léon Denis, José Herculano Pires, Deolindo Amorim,
Humberto Mariotti, Manuel Porteiro, Wilson Garcia, Dora Incontri, Sérgio
Aleixo, Célia Arribas, Sinuê Miguel e Ana Cláudia Laurindo.
Vida
longa a CEPA – Associação Espírita Internacional; CPDoc - Centro de Pesquisa e
Documentação Espírita; o Ágora Espírita; Coletivo Girassóis - Espíritas Pelo
Bem Comum; Instituto de Filosofia Espírita Herculano Pires - IFEHP; ABREPAZ –
Associação Brasileira Espírita de Direitos Humanos e Cultura de Paz; CEJUS –
Coletivo de Estudos Espiritismo e Justiça Social; Coletivo Espírita pela
Transformação Social; Coletivo Espírita Maria Felipa e Espíritas à Esquerda.
Partindo
da premissa de que não se precisa de chancela de nenhuma personalidade ou ente
federativo para praticarmos, pensarmos e\ou dialogarmos com o Espiritismo, as
mentes Progressistas e livres pensadoras promovem a possibilidade de uma
alternativa ao que até o presente se encontra exposto como única corrente
pensadora espírita, de forma hegemônica e reprodutora de conteúdo.
Dialogar
com as ciências humanas com honestidade intelectual é robustecer a doutrina
espírita, equipando-a de recursos capazes de munir seus adeptos a se
relacionarem com as questões sociais de seu tempo e não serem apenas
contempladores do plano-Terra à espera de viverem uma vida de ócio nas colônias
espirituais que não foram pensadas para as minorias sociais e para os menos
abastados.
Tomando
como referência a frase popular: “Tal vida, tal morte,” se as referidas
colônias forem o retrato daquilo que nos diz o IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, senso 2010. Sendo as colônias espirituais aquilo que é
o movimento espírita hegemônico, ou seja, branco, hétero e classe média, podemos
concluir que não há espaço para as outras categorias e há lutas de classe até
para se ter acesso aos “céus Espíritas”, isso não podemos negar.
O
que nos leva a crer que a democratização da espiritualidade tem levado incomodo
a uma parcela dos espíritas hegemônicos, que seguindo a frase já citada: “Tal
vida, tal morte,” desejam levar os seus privilégios para o mundo espiritual, como
na Terra não visam compartilhar aeroporto com determinadas classes sociais, no
“céu” não visam partilhar “aeróbus e colônia espiritual”.
O
Movimento Espírita Progressista se fortaleceu e parece mesmo que continuará sua
trajetória de luta para a produção de conhecimentos e saberes que se deem na
troca e na partilha, produzidos por livres pensadoras e pensadores, nunca por
força da imposição dogmática, da opressão oficial, do cancelamento ou da
negação ao diálogo com diferentes.
Sigamos
firmes cientes de que não há, principalmente nos dias atuais, uma única
vertente, ou um único caminho a ser seguido, bom, que possamos dizer que não se
trata de estarmos ou não com a razão, mas, de termos o direito de professarmos os
nossos pensamentos com todas, todos e todes àquelas pessoas que desejarem, o
que faz o Movimento Espírita Progressista plural e diverso, aumentando ainda
mais as suas formas e áreas de atuação.
Por
isso: Um Salve aos Espíritas Progressistas e vida longa aos coletivos Espíritas
Progressistas.
Referência Bibliográfica
Música
Paz sem voz é medo. Compositores: Alexandre
Monte De Menezes / Lauro Jose De Farias / Marcelo De Campos Lobato / Marcelo
Falcão Custodio / Marcelo Fontes Do Nascimento Vi Santana
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