Dois encontros com Bezerra de Menezes
Por Lindemberg Castro
Em 2019 deu-se o meu primeiro encontro com Bezerra de Menezes espírito, em um centro espírita em que frequentava as reuniões mediúnicas na região metropolitana de Fortaleza. Era um centro cujos médiuns eram bastante diversificados em sua tipologia mediúnica e em suas experiências com a diversidade espiritual, tendo sido nesse mesmo centro os meus primeiros contatos com espíritos ligados à tradição da umbanda, como Exu Caveira.
Certa vez, em um trabalho espiritual de difícil resolução, e que envolvia casos de espíritos de suicidas e encarnados com ideação suicida, solicitamos, por preces, a intervenção da equipe do Dr. Fritz, equipe especializada em atividades de cura, inclusive envolvendo questões de saúde mental as mais diversas. De repente, uma das médiuns pergunta se podia cantar uma música que fala sobre o Dr. Bezerra de Menezes, o que foi permitido pelo dirigente da reunião; depois de alguns segundos, qual não foi a minha surpresa, Bezerra aparece na sala envolto em luzes poderosas e envolvendo o ambiente de profunda harmonia; suas luzes não doíam aos “olhos espirituais”, ao contrário, traziam consigo paz e serenidade para todos nós. Com a sua intervenção direta, o trabalho mediúnico encontrou seu ponto alto e o desfecho esperado para o atendimento amoroso de todos os envolvidos, encarnados e desencarnados.
Dr. Fritz, que então já atuava diretamente comigo em trabalhos de mediunidade de cura no mesmo Centro, explicou-me que ele atuava sob a coordenação do Dr. Bezerra de Menezes, assim como uma equipe gigantesca de espíritos ligados à saúde que atuam no mundo inteiro; são equipes, verdadeiras falanges multidisciplinares, por assim dizer, com médicos de diversas “especialidades”, psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas, neurocientistas, e de especialidades que ainda nem constam nos conhecimentos humanos atuais. Foi então que entendi a complexidade da atuação de cura que os espíritos desenvolvem no mundo todo, sobretudo a respeito das questões de saúde mental, frente a pandemia de suicídios e à epidemia de depressão e de ansiedade que vivemos na época atual. A humanidade padece dos mais variados transtornos mentais e sofrimentos emocionais, deixando as equipes espirituais de socorro sempre alertas em todo o globo.
O impacto da situação descrita acima sobre a minha visão pessoal a respeito de Bezerra de Menezes foi bastante disruptivo, pois eu guardara a percepção do Bezerra homem e político, com suas ações que ajudaram a disseminar o estudo do roustanguismo no Brasil, o que causou enorme estrago ao movimento espírita posteriormente, até os dias atuais. Mas, por óbvio, não nos reduzimos a uma única encarnação como espíritos, somos bem mais, sabemos bem mais, e fazemos bem mais.
Seis anos depois, no dia 11 de abril de 2025, deu-se o meu segundo encontro com Bezerra de Menezes, novamente em uma situação completamente inesperada. Nessa data estava agendada uma palestra minha sobre “Saúde Mental e Espiritualidade” no GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estêvão, em Fortaleza. Desde cedo eu sentia uma força poderosa junto a mim, uma força benevolente e muito piedosa; identifiquei o espírito do Dr. Suliano, médico psiquiatra cearense que me acompanha desde 2018 em diversos trabalhos, incluindo palestras; mas eu percebia que a força que eu sentia ainda não era a dele, mas decidi não ficar inquieto com isso e manter foco e concentração na palestra, cuja preparação também é espiritual.
A palestra ocorreu normalmente, Dr. Suliano ao meu lado me ajudando com a fluidez das ideias, percebi o Dr. Fritz também, junto com a sua equipe, atuando em processos de cura nas centenas de pessoas presentes. Ao final da apresentação do tema, fiz algo que Dr. Suliano já havia me pedido, fiquei mais próximo do público para fazer a prece de encerramento, mas foi uma prece diferenciada, um pouco mais longa para que os processos de cura realizados pelos espíritos fossem finalizados, aproveitando a concentração e o recolhimento que naturalmente a prece estimula. Me senti tomado por um profundo amor que nos envolvia a todos, e assim como na palestra, a fluidez da oralidade da prece deu-se quase que como um comunicado psicofônico.
Em determinado momento, ao olhar para o fundo do auditório, me deparei com o Dr. Bezerra de Menezes, ele estava na mesma posição em que eu estava, só que no sentido contrário do auditório, nossos olhares se encontraram e ele sorriu, fiquei sem reação, até porque eu precisava finalizar a prece e não podia me “distrair” para não perder a concentração. A voz embargou ao final da prece, e senti uma grande gratidão a todos os irmãos espirituais ali presentes, sobretudo ao Bezerra, que naquele momento irradiava para mim, além do seu sorriso amoroso, uma luz repleta de amor e de acolhimento.
O amor do Dr. Bezerra, do Dr. Fritz, e das suas respectivas equipes, nos brindaram com atividades de curas profundas, não só do corpo, mas sobretudo da alma, atuando em cada um de nós presentes no auditório, dentro das nossas necessidades próprias. Fiquei profundamente tocado e emocionado por todo esse processo e pelos encontros espirituais com amigos tão dedicados ao trabalho no Bem. Sobretudo porque tive uma semana muito difícil em relação à minha própria saúde mental, então eu também, como filho de Deus, fui um dos beneficiados pelo banquete de amor e de cura. Depois da palestra já encerrada, lembrei-me da conexão espiritual que existe entre o Dr. Bezerra de Menezes e o GEPE, pois o Grupo mantém uma casa espírita em Jaguaretama, no Ceará, região onde nasceu o Dr. Bezerra, e que hoje desenvolve importantes trabalhos espíritas na região.
De todo esse aprendizado vivenciado, entendo que, independentemente da crítica que façamos aos homens e mulheres que deixaram seus legados quando estavam encarnados, não podemos esquecer que a dinâmica na erraticidade é outra, e que os supostos erros de uma única encarnação não definem toda a subjetividade de um espírito, inclusive porque o espírito pode equivocar-se de boa fé. A crítica histórico-filosófica não pode nunca abafar o amor que devemos sentir pelos nossos irmãos encarnados e desencarnados; não conhecemos nem a nós mesmos, quanto mais aos outros, lidemos com essa ferida narcísica que nos vicia a julgar sem conhecer, tirar conclusões sempre ter todas as informações disponíveis. A complexidade da subjetividade espiritual vai muito mais além do que podemos supor, e no fim das contas, o amor prepondera em todos aqueles que se dedicam ao caminho do bem e da virtude, deixando para trás os equívocos e os personalismos.
Agradeço a Deus e aos bons espíritos pelas oportunidades de aprendizado.
Experiência espetacular. Muito bom fazer parte desse aprendizado.
ResponderExcluirMuito obrigado, meu amigo! A Espiritualidade nos ensinando sempre em qualquer contexto de trabalho digno no bem maior. Um abraço!
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